O ghost writer de Aécio não aprende: escreve baboseiras e faz o chefe tomar, ora no cravo, ora na ferradura. O textículo da segunda-feira elenca, ou tenta enumerar, vários itens em que se registrariam supostas contradições do PT. Daí o título provocativo, “PT: quem te viu, quem te vê”. Ineficaz política e, eleitoralmente, a criatura volta-se contra o criador. Vamos lá.
Tudo que ele critica no PT, ele pratica superlativamente.
Os Cunha e Neves cuidam muito de si. Alguns inclusive foram em cana com Marcos Valério, recentemente: Eloá, Ildeu, Rogério Tolentino e Valério foram presos na “Operação Avalanche”. Aí não dá para disfarçar: é ácido desoxirribonucleico na veia. A irmã Andréa, além de ter recebido cheque de Valério, à época do mensalão tucano, depositado diretamente em sua loja de aluguel de produtos para bebês (Taking Care Ltda., que teve Aécio como cotista:49%), ainda é objeto de denúncia do Bloco Minas Sem Censura. Trata-se do estranho caso da Rádio Arco Íris, sob suspeita de ocultação de patrimônio, sonegação fiscal e improbidade administrativa. Inês Maria, a genitora, tem na IM Participações Ltda., um foco constante de dores de cabeça. Sem esquecer que ela foi, pelo menos, duas vezes investigada, por gestão temerária no Banco Bandeirantes. Numa delas foi multada pelo BC. Ela e o marido estiveram na mira do BC, em face das operações de risco feitas pelo citado banco. Algumas semelhantes às do Banco Rural. A NC (Neves e Cunha) Participações também não é benta. Fora o caso de Lídia Maria Alonso Lima que constou como sócia em várias empresas dos dois famosos irmãos Neves, apenas por exigência legal, comprovando sua função de “laranja”. E não nos esqueçamos do emblemático Tancredo Aladin Rocha Tolentinho com prisão, por suas vendas de sentenças judiciais. Tudo isso é devidamente documentado. E note-se: tudo no círculo de consaguinidade.
No entanto, tem mais coisas: a atípica parceria com o Sr. Borges da Costa e sua Banjet; as nomeações de Papaléo Paes (PSDB-Amapá), Wilson Santos (PSDB-Mato Grosso), Raul Jungmann (PPS-Pernambuco), em empresas controladas pelo governo mineiro; a prima de Carlos Cachoeira, nomeada a pedido de Demóstenes Torres. Fora os mineiros de sua turma: mais de uma dezena de políticos que enfrentam processos pelas mais diversas acusações. Justiça seja feita: Aécio nunca faltou aos seus.
No mais, o seu texto insiste no “se colar, colou”.
Fala da autoria da PEC 33, que redefine o trato de questões julgadas inconstitucionais pelo STF: a iniciativa é de um petista, mas que foi aprovada sua admissibilidade pelo deputado tucano João Campos. Que fundamentou sua aprovação, louvando aquilo que ela tem de melhor: no caso de permanecer a divergência entre STF e Congresso, a consulta popular será o mecanismo de superação do embate. Logo, Aécio replica a mentira de que o Congresso estaria dando a última palavra no citado conflito.
A PEC 37, de autoria de um deputado do PTdoB, com aprovação de um deputado do PTB, notório inimigo do Partido dos Trabalhadores (Arnaldo Faria de Sá) é outra arma de Aécio. A mesma trata de disciplinar as funções do Ministério Público, em face de seus contantes conflitos com as atribuições das polícias judiciárias. A mídia antiPT batizou a autoria dessas duas iniciativas: coisa de petistas. E Aécio repercute a mentira.
O projeto 4470, que fortalece a fidelidade partidária, inibindo as negociatas com tempos de televisão e cotas do fundo partidário, tão comuns nas recentes criações de partidos, é divulgado como inibidor de adversários de Dilma Rousseff. Ah, o projeto é de autoria de um deputado do PMDB de São Paulo.
Enfim, seguindo a famosa pregação de Goebbels, Aécio tenta repetir as mentiras mil vezes, para ver se se tornam verdade.
Triste fim o de um presidenciável que precisa recorrer a tais subterfúgios para dar brilho à sua carreira.