Andrée Gabrielle de Ridder conviveu com o empresário por 19 anos e reivindica 50% de seu patrimônio, que ultrapassa R$ 600 milhões
Andrée Gabrielle de Ridder , ex-amante e atual viúva de João Jorge Saad , fundador do Grupo Bandeirantes de Comunicação, entrou com um pedido na Justiça para a anulação da partilha dos bens do empresário. O processo corre na 5º Vara de Sucessão e Família de São Paulo.
“Andrée só está buscando o que é de direito dela. Ela foi reconhecida em documento assinado pelos cinco filhos do João Jorge Saad como mulher legítima do empresário durante os anos de 1996 e 1999 e como companheira dele por quase vinte anos”, contou ao iG o procurador de Andrée, Márcio Marcelo Minikovski .
Andrée diz que manteve uma relação íntima com João Saad entre os anos de 1980 e 1996. Neste ano, quando a mulher do empresário, Maria Helena de Barros Saad , faleceu, ela e Saad viveram juntos sob união estável até 1999, quando o fundador morreu.
De acordo com seu representante, a decisão de entrar agora na Justiça veio com o não pagamento do valor estipulado no acordo de 2007. “Os direitos dela são muito maiores do que foi formalizado em 2007 com os filhos dele. Para ela, o mais importante foi o reconhecimento dos filhos de seu ex-marido, mas financeiramente ela ainda não recebeu nem o valor indigente do acordo. Os filhos sonegaram a participação dela no inventário”, disse Marcelo.
Pensão Alimentícia e 50% do Patrimônio
Entre os pedidos de Andrée, que até hoje trabalha como assessora da presidência do Grupo Bandeirantes, estão: uma pensão alimentícia no valor de R$ 60 mil, 50% de todo o patrimônio de João Saad, mais os rendimentos que os bens do empresário tiveram desde a partilha, da qual ela não teve acesso - apenas os filhos. “O valor divulgado de R$ 600 milhões é apenas uma parte da qual ela realmente tem direito. Se você prestar atenção, ela é a verdadeira dona da Band”, concluiu o advogado.
Procurada pelo iG Gente, Andrée não quis comentar o caso, mas sua filha Jacqueline contou como a mãe está: “Super bem, tranquila, trabalhando e está apenas em busca dos direitos dela”, disse a jovem, que não é filha de João Jorge Saad. Ela, que trabalhou muitos anos na Band garantiu ainda que a relação com os filhos do empresário é a melhor possível. “Convivo com eles desde os meus nove anos. Nossa relação sempre foi e será muito boa”.
Repórter Carlos Dorneles move ação contra a Globo
Uma ação de R$ 1,1 milhão do repórter Carlos Dorneles contra a Globo
O gaúcho Carlos Dorneles, ex-repórter da Rede Globo, é autor de uma reclamatória trabalhista de vulto contra a Globo Comunicações e Participações. Contratado como pessoa jurídica, Dorneles busca o reconhecimento do pacto laboral com subordinação e, em decorrência, várias parcelas, entre as quais o recolhimento das verbas previdenciárias, o recolhimento do FGTS, 13º salário e parcelas indenizatórias.
A atuação de Carlos Roberto dos Santos Dorneles na Globo perdurou durante mais de 20 anos. O valor da causa é R$ 1,1 milhão.
O jornalista, nascido em Cachoeira do Sul (RS) em 1954, foi repórter da TV Globo desde 1983, após trabalhar na Folha da Manhã, no Zero Hora e na RBS-TV, em Porto Alegre. Foi correspondente internacional em Londres (1988-1990) e Nova Iorque (1991-1992).
Demitido da Globo em 2008, ele foi contratado pela TV Record SP em janeiro de 2009.
Derrotada nas duas instâncias ordinárias, a Globo obteve na semana passada, no TST, o reconhecimento de seu direito à oitiva de uma testemunha.
RR nº 1106-69.2010.5.02.0000 - Tramitação Eletrônica Processo TRT - Referência: RO-32800/2009-0069-02 Órgão Judicante: 7ª Turma Relator: Ministro Pedro Paulo Manus Recorrente: Globo Comunicação e Participações S.A. Advogado: Luiz Carlos Amorim Robortella Recorrido: Carlos Roberto dos Santos Dorneles Advogada: Gisela da Silva Freire.
O ministro Pedro Paulo Manus, da 7ª Turma, entendeu que a juíza de primeiro grau - ao recusar o depoimento de uma testemunha indicada pela empresa, presente na audiência de instrução, após acolher a contradita de outras duas - violou dispositivo da Consolidação das Leis do Trabalho. (RR nº 1106-69.2010.5.02.000).
Kamel está derrotado pela história
Esse é o Kamel que ganhava a vida honestamente |
Justiça do Rio: a TV Globo joga em casa; mas Kamel está derrotado pela história
Na praça Clóvis/Minha carteira foi batida/Tinha vinte e cinco cruzeiros/E o teu retrato…
Vinte e cinco/Eu, francamente, achei barato/Pra me livrarem/Do meu atraso de vida
(Paulo Vanzolini, “Praça Clóvis”)
por Rodrigo Vianna
Um advogado amigo costuma dizer: “no Rio, a Globo joga em casa”.
Hoje, tivemos mais uma prova. Ano passado, fui condenado em primeira instância, num processo movido pelo diretor de Jornalismo da Globo, Ali Kamel. Importante dizer: a juíza na primeira instância não me permitiu apresentar testemunhas, laudos, coisa nenhuma. Acolheu na íntegra a argumentação do diretor da Globo – sem que eu tivesse sequer a chance de estar à frente da meritíssima para esclarecer minhas posições.
Recorremos ao Tribunal de Justiça, também no Rio. Antes de discutir o mérito da ação, pedimos que o TJ analisasse um “agravo retido” (espécie de recurso prévio) que obrigasse a primeira instância a ouvir as testemunhas de defesa e os especialistas de duas universidades que gostaríamos de ver consultados na ação.
O Tribunal, em decisão proferida nessa terça-feira (15/01), ignorou quase integralmente nossa argumentação. Negou o agravo e, no mérito, deu provimento apenas parcial à nossa apelação – reduzindo o valor da indenização que a meritíssima de primeira instância fixara em absurdos 50 mil reais. Ato contínuo, certos blogs da direita midiática começaram a dar repercussão à decisão. Claro! São todos fidelíssimos aos patrões e ao diretor da Globo, na luta que estes travam contra outros jornalistas.
Sobre esse processo, gostaria de esclarecer alguns pontos. Primeiro, cabe recurso e vamos recorrer!
Segundo, está claro que Ali Kamel usa a Justiça para se vingar de todos aqueles que criticam o papel por ele exercido à frente da maior emissora de TV do país. Kamel foi derrotado duas vezes nas urnas: perdeu em 2006 (quando a Globo alinhou-se ao delegado Bruno na véspera do primeiro turno, num episódio muito bem narrado pela CartaCapital, naquela época) e perdeu em 2010 (quando o episódio da “bolinha de papel” foi desmascarado pelos blogs e redes sociais). Contra as quotas, contra o Bolsa-Família, contra os avanços dos anos Lula: Kamel é um dos ideólogos da direita derrotada. Por isso mesmo, era chamado na Globo de “Ratzinger”.
Em 2010, Ali Kamel virou alvo de críticas fortes (mas nem por isso injustas) na internet. Deveria estar preparado pra isso. Dirige o jornalismo de uma emissora acostumada a usar seu poder para influir em eleições. Passadas as eleições de 2010, Kamel muniu-se de uma espécie de “furor processório”. Iniciou ações judiciais contra esse escrevinhador, e também contra Azenha (VioMundo), Marco Aurélio (Doladodelá), CloacaNews, Nassif, PH Amorim… Todas praticamente simultâneas. Estava claro que Kamel pretendia mandar um recado: “utilizarei minhas armas para o contra-ataque; não farei o debate público, de conteúdo, partirei para a revanche judicial”.
Advogados costumam dizer que em casos assim “o processo já é a pena”. Ou seja: o processante tem apoio da maior emissora do país, conta com advogados bem pagos e uma estrutura gigantesca. O processado (ou os processados) são jornalistas e blogueiros “sujos”, sem eira nem beira. O objetivo é sufocar-nos (financeiramente) com os processos.
Está enganado o senhor Ali Kamel. Aqui desse lado há gente que não se intimida tão facilmente.
Não tenho contra Kamel nada pessoal. Conversei com ele sempre de forma civilizada quando trabalhei na Globo. Troquei com ele alguns emails cordiais – como costumo fazer com todos colegas ou chefes. Kamel utilizou um desses e-mails pessoais na ação judicial, como se quisesse afirmar: “ele gostava de mim quando estava na Globo, deixou de gostar quando saiu da Globo.”
Ora, a questão não é pessoal. Tinha por Kamel respeito, até que comprovei de perto algumas atitudes estranhas (vetos a matérias), culminando com a atuação dele na cobertura do caso dos “aloprados” na eleição de 2006. Na época, eu trabalhava na Globo. Saí da emissora por causa disso. E passei a não mais respeitar Ali Kamel profissionalmente. O discurso que ele fazia na Redação antes de 2006 (“todos podem ser ouvidos, há espaço para crítica”) era falso. Quem criticou ou dissentiu foi colocado na “geladeira” e “expurgado”. Isso está claro. Azenha, Marco Aurelio Mello, Carlos Dornelles e Franklin Martins estão aí para mostrar…
De resto, a utilização de e-mails (estritamente pessoais) numa ação não é ilegal. Mas mostra o grau apurado de ética de quem os utiliza como ferramenta da luta política e judicial.
No meu caso, a acusação é de ter “espalhado” pela internet que ele seria um “ator pornográfico”. Quem lê os textos que escrevi neste blog sobre a infeliz homonímia (um ator pornô nos anos 80, aparentemente, usava o mesmo nome que ele – Ali Kamel) logo percebe: em nenhum momento disse que Ali Kamel (o jornalista) seria o Ali Kamel (ator pornográfico). Não afirmei que eram a mesma pessoa nem neguei que o fossem. Não sabia, e isso pouco importava. Apenas usei a coincidência como mote para a crítica, em textos claramente opinativos: pornográfico, sim, é o jornalismo que Ali Kamel pratica tantas vezes à frente da Globo. Foi essa a afirmação que fiz em seguidos textos. Muitas vezes, de forma bem-humorada.
Na apelação ao Tribunal, mostramos como seria importante a juíza de primeira instância ter consultado especialistas em Comunicação (indicamos ao menos dois) para entender a diferença entre opinião e informação. E para entender a centralidade do uso do humor na crítica política.
Mostramos em nossa defesa, ainda, como o impoluto comentarista (e ex-cineasta) Arnaldo Jabor utilizou-se de mote parecido no título de um livro que fez publicar: “Pornopolítica”. Se há uma “pornopolítica”, por que não posso falar em “jornalismo pornográfico”?
Só a Globo e seus comentaristas podem recorrer a metáforas? Parece que sim. Especialmente no Rio de Janeiro. No Rio, a Globo joga em casa.
Vamos recorrer aos tribunais de Brasília. Não que eu tenha grandes esperanças de ver magistrados na capital federal a enfrentar o diretor de Jornalismo da Globo. Mas vou utilizar as armas que tenho.
Mais que isso: se Kamel pensava em calar ou intimidar seus críticos, vai se dar mal. Esse processo vai ajudar a mobilizar aqueles que lutam contra os monopólios de mídia no Brasil. Vai ajudar a escancarar a hipocrisia daqueles que na ANJ e na SIP pedem “ampla liberdade de crítica”, daqueles que usam Institutos Milleniuns para exigir “que não se criem travas ao humor como ferramenta de crítica”, mas que fazem tudo ao contrario quando são eles os objetos da crítica e do humor.
Kamel pode até ganhar no Rio. Pode ganhar no STJ, STF, CNJ, SIP, ANJ, sei lá onde mais. Mas perderá na história. Aliás, já perdeu. Na testa dele está o carimbo (justo ou injusto? o público pode julgar…) de “manipulador de eleições”. Manipulador frustrado, diga-se. Porque segue a perder. No Brasil, na Venezuela, na Argentina…
A Justiça quer que eu pague 20 mil, 30 mil ou 50 mil pro Ali Kamel? Acho absurda a condenação. Mas se for obrigado, eu pago até com certo gosto. Levo lá no Jardim Botânico o cheque pra ele. Ou entrego no apartamento onde ele vive, de frente pro mar na zona sul – palco, vez ou outra, de brigas com os vizinhos que também acabam na Justiça.
Essa condenação, que ainda lutarei para reverter, lembra-me a belíssima letra de Paulo Vanzolini – com a qual abri esse texto…
Tudo bem, Kamel, se você e a Justiça fizerem questão, eu pago! Só que seguirei a fazer - aqui – o contraponto ao jornalismo que você dirige.
Tudo bem, Kamel, se você e a Justiça fizerem questão, esgotados todos os recursos, eu pago!
Eu pago. Vê-lo derrotado frente à história: não tem preço.
THIETRE MIGUEL - RIO DE JANEIRO-RJ