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Atenção - Não dê dinheiro aos ricos. Isso os torna vagabundos

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Milhões de beneficiários abandonam o Bolsa-Família voluntariamente

1,69 milhão de famílias abrem mão do Bolsa Família. Famílias beneficiadas declararam voluntariamente que ultrapassaram a renda limite de R$ 140 por pessoa

Milhões de famílias abrem mão do benefício de forma espontânea (Foto: Reprodução)
Dados fornecidos pelo ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome mostram que 1,69 milhão de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família deixaram espontaneamente o programa, declarando que sua renda já ultrapassava o limite de R$ 140 por pessoa. Estas famílias representam 12% de um total de 13,8 milhões de famílias atendidas. Os dados abrangem todo o período de existência do Bolsa Família, entre outubro de 2003 e fevereiro de 2013.

Os dados do ministério vão de encontro com a alegação dos críticos do Bolsa Família que o programa de transferência de renda estimula os beneficiados a não procurar emprego e melhores condições de vida.

De acordo com o secretário de Renda e Cidadania, Luís Henrique Paiva, estas famílias declararam ultrapassar a renda limite na atualização cadastral, realizada pelas prefeituras a cada dois anos. Por sua vez, a fiscalização excluiu 483 mil beneficiários flagrados com renda superior a permitida pelo programa.Mãe de cinco filhos, a diarista Selma Patrícia da Silva, de 42 anos, é uma das beneficiadas que deixaram espontaneamente o Bolsa Família após melhorar sua condição de vida. Na época em que fazia bicos como doméstica, e o marido com pedreiro, Selma era beneficiária do Auxílio Gás, Bolsa Escola e Bolsa Família. Depois de construir a sua casa, a diarista decidiu devolver o cartão que garantia o benefício.

“Pensei assim: da mesma forma que serviu para os meus filhos, vai ajudar outras pessoas. Acho muita covardia a pessoa não necessitar e ficar recebendo. Entreguei o cartão na mão da primeira-dama (do município), que começou a chorar”, disse Selma em entrevista ao jornal O Globo.

Hoje, Selma, de Formosa (GO), trabalha como faxineira, fez cursos de artesanato e manicure nos últimos anos e costura bonecas e adereços de pano, vendidos em feiras na vizinhança.

Falar do Bolsa Família nas rodas da classe-média no Brasil é algo desgastante. Os que discordam são sempre raivosos e olham os beneficiados com um ar superior, moralista e hipócrita.

No país, quem manda na cabeça da classe-média, normalmente incapaz de pensar, é a imprensa. E mesmo nossa imprensa já parou de meter o pau no programa. É que reiteradas vezes, uma após outra, os dados comprovaram que é falsa a premissa de que todo mundo que recebe o benefício é vagabundo. Maior prova disso é a economia nordestina ter crescido nos últimos anos quase 50%. Tirando alguns rincões da China, altamente subsidiados pelo seu governo, praticamente lugar nenhum do mundo experimentou crescimento tão grande. A conta é fácil de se fazer. Mais dinheiro circulando, maior consumo, mais empregos. No Brasil, mais de 40% dos beneficiados já sairam ESPONTÂNEAMENTE dos quadros do Bolsa Família. Em outras palavras, o cara pobre quando consegue um emprego, vai lá e avisa que podem parar de pagar pra ele, e passar a pagar pra outro que precise.

Existem exceções? Claro, sempre existem. Corrupto é corrupto em qualquer classe social, o que muda é a quantidade de grana que se consegue roubar. Ou você mesmo nunca ouviu falar de mulheres que nunca casaram "no papel" pra não deixar de receber a normalmente gorda pensão do pai militar que morreu (esse benefício só vale pra quem tem direito adquirido, considerando que hoje ele é proibido)? Ou do funcionário público que mesmo ganhando muito bem, desvia verbas e cobra propinas? Ou quem sabe do executivo da multinacional que ainda que com um salário invejável, mesmo assim surrupia a empresa na qual trabalha?

Precisamos aprender que corrupto é corrupto porque é corrupto, não porque é pobre e brasileiro.

O baluarte dos exemplos da nossa decrépita classe-média, os Estados Unidos tem provado disso de forma muito amarga. Altos executivos de empresas trilionárias pouco se lixam para a crise que eles mesmos criaram, de propósito (sim, porque com toda a desregulamentação, ganhavam mais dinheiro). Continuam exigindo seus cheques e o povo que morra de fome. O movimento Ocupe Wall Street não nasceu por acaso. Na outra ponta, o desemprego campeia na América. Os estados mais pobres também têm sua cota de desocupados que precisam de ajuda. Os "food stamps" (cupons de comida) e os cheques de assitência social desde há muito existem e especialmente nos tempos de crescimento econômico, ajudaram o país a dar uma força aos mais necessitados, até que eles fossem eventualmente trazidos ao mercado de trabalho. Isso quando a América tinha uma política econômica mais séria. Hoje, nos tempos de bandalheira neoliberal alguns programas ainda existem (os que resistiram a Reagan e Bush), mas o governo parece não muito preocupado em criar empregos. Tanto é fato, que não consegue peitar um congresso de bandidos milionários.

Lucas Mendes em sua coluna na BBC Brasil traz um olhar sobre alguns beneficiários de programas de assistência naquele país. Em uns dos estados mais pobres e atrasados, americanos não muito chegados ao trabalho deixam de ganhar 1300 dólares por semana na lavoura como colhedores, para ganhar 260 como dependentes do viúva. É que o trabalho é "pesado".

E olha, nos Estados Unidos, que nossa mídia tão alienada proclama como exemplo pra tudo, mesmo sendo um país que mal se aguenta em pé.

Vale a pena dar uma lida no que diz Lucas (
leia aqui). Aliás, convém dizer que a realidade americana está comendo pelas pernas mesmo nossos colunistas mais apegados ao Tio Sam. Está sendo duro para eles reconhecerem que todo aquele trololó democutano que eles cresceram ouvindo, está sumindo como areia pelos vãos dos dedos.
Não é mais só o brasileiro que é vagabundo. Não somos só nós que temos corruptos ou que enfiamos coisas nos bolsos pra sair das lojas sem pagar. Seu país de exemplo não é mais exemplo de nada.

Na verdade, há muito tempo que não é. O que demorou um pouco, foi aparecer as consequências de tanta barbaridade e liberalidade. É muita gente tendo que rever seus conceitos ao mesmo tempo. Lá e cá. Nada como um dia depois do outro.

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aqui para assistir System of a Dilma, videozinho que está deixando a Veja horrorizada.
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Clique aqui para ver o DNA tucano instalando mais um pedágio no Paraná.
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aqui para ver que o Berlusconi pode. O Lula, não. .

Atenção: não dê dinheiro aos ricos. Isso os torna vagabundos

Vou voltar a um tema que eu adoro. Considerando que a renda do capital segue estratosfericamente maior que a do trabalho e os recursos usados para o pagamento de juros são bem maiores que os aplicados em programas sociais (em todos os governos, de FHC a Dilma), fico extremamente incomodado quando ouço ou leio pessoas reclamando que “dar dinheiro aos pobres os torna vagabundos”.

É engraçado que ninguém reclama do dinheiro que vai às classes mais abastadas, que investem em fundos baseados na dívida pública federal. Grosso modo, muito vai para poucos e pouco vai para muitos. E, mesmo assim, sou obrigado a ouvir pérolas quase que diariamente, reclamando dos programas de transferência de renda, não no sentido de melhorá-los, mas de extingui-los. É claro que é importante avançar na construção de “portas de saídas” para programas como o Bolsa-Família, gerando autonomia econômica. Mas a raiva com a qual essas iniciativas ainda vêm sendo tratadas por algumas pessoas me surpreende. Pessoal, supera! Não há partido político que vá se eleger com uma plataforma que cancele esses processos de transferência de renda. Isso já é política de Estado e não de governo.
“Ah, mas minha tia tem uma amiga em que a empregada recebe o bolsa-família e, por isso, desistiu de trabalhar. Quer ficar no bem bom com o dinheiro público.” Quantos já ouviram coisas assim? Primeiro reduzindo todo um programa a uma única história. Segundo, uma história mal contada, pois é difícil imaginar que uma família consiga sobreviver com dignidade com um montante de renda não raro menor que uma garrafa de vinho paga pelo sujeito fino que decretou tal preconceito. Terceiro, para alguém preferir a segurança da mensalidade do programa do que um salário é que a remuneração deve ser baixa demais ou a garantia de permanência no emprego inexistente.
Este post não está criticando ou elogiando ninguém, mas tentando entender o que, além do preconceito, faz com que um cidadão que tenha um pouco mais na conta bancária acredite que pisar no andar de baixo é a solução para galgar ao andar de cima? E crer que o futuro de um país é feito uma Arca de Noé, com espaço para salvar pouca gente de um dilúvio iminente?
Para esse pessoal, é cada um por si e o Sobrenatural – proporcionalmente ao tamanho do dízimo deixado mensalmente – para todos. Fraternidade e solidariedade são palavras que significam “doação de calças velhas para vítimas de enchente”, “brinquedos usados repassados a orfanatos no Natal” ou “um DOC limpa-consciência feito a alguma ONG”.
Nada sobre um esforço coletivo de buscar a dignidade para todos, com distribuição imediata (e não depois que o bolo crescer) da riqueza gerada no país. Crescimento produzido pelos mesmos trabalhadores que não desfrutam da maior parte de seus resultados. Porque, apenas teoricamente, todos nascem livres e iguais.
E se eu dissesse que “dar dinheiro aos ricos os torna vagabundos?” Por que usar a frase para os pobres é ser um “analista sensato da realidade” e usar a frase aos ricos é ser um “canalha de um comunista safado”?
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THIETRE MIGUEL - RIO DE JANEIRO-RJ

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