Reproduzimos abaixo um comentário de PHA sobre o pernóstico artigo de Ayres Britto, publicado na Folha de São Paulo, no qual o ex-presidente do STF faz elogios melosos e exagerados aos protestos de rua.
O Verde é o último reduto do conservador de armário.
Paulo Henrique Amorim
O pessoal da doença infantil do transportismo jamais poderia imaginar que “ tritura farelos de estrelas nas mãos consteladas” !
Agora a coisa vai !
E os Black Boys do Rio trituram o quê ?
Não surpreende que o Big Ben de Propriá, aquele presidente do Supremo, que, em consonância com o Ataulfo Merval (**), programou a degola do Dirceu para minutos antes de o eleitor de São Paulo eleger o Haddad, não surpreende que, agora, ele, sem a toga preta, vista o chale verde da Bláblárina.
Como diz o presidente do Barão de Itararé, o Miro Borges, o Verde é o antônimo do Vermelho.
O Verde é o último reduto do conservador de armário.
*
Abaixo, o artigo de Ayres Britto. Observe a frase: “Eles não guardam a memória de qualquer movimento anterior de massa, e por isso é que chegam às vias públicas assim como quem tritura farelos de estrelas nas mãos consteladas.”
Fosse um poema, esta frase seria possivelmente o verso mais cafona da história da literatura brasileira, além de estúpido: um farelo já é algo triturado. Triturar farelos de estrelas é como moer pó de café.
EXTREMAMENTE ALTO E INCRIVELMENTE PERTO
Carlos Ayres Britto
Manifestações são grandes e intuitivas demais para uma apreensão racional
Por cortar o tecido social quase de uma extremidade à outra, a ampla mobilização popular a que se assiste hoje no Brasil rechaça categorizações clássicas, não é passível de enquadramento em modelos analíticos genéricos. A não filiação a movimentos pregressos e a esquiva ao aparelhamento a inserem na ordem do mistério.
São grandes demais, surpreendentes demais, entusiasmados demais, abertos demais, espalhados demais, intuitivos e instigantes demais para que deles se possa dizer algo que ultrapasse o mero comentário, formular entendimento que vá além da simples e precária opinião subjetiva, sem outro calço que não seja o corriqueiro “data vênia de entendimento contrário”.
Eles não guardam a memória de qualquer movimento anterior de massa, e por isso é que chegam às vias públicas assim como quem tritura farelos de estrelas nas mãos consteladas.
Não portam consigo o mais leve ranço de pauta corporativa, mas, ao contrário, apresentam-se como uma agenda propositiva para o Brasil (Marina Silva é quem o diz) e, quiçá, para uma nova e mais humanizada concepção de mundo.