Por Zé Dirceu
Com o crescimento nos últimos dias, com provas, das denúncias de corrupção nas gestões do PSDB em São Paulo - como a reportagem da Istoé desta semana relatando como os governos José Serra e Alberto Goldman foram avisados da formação de carteis em contratos na área de transportes - nossa mídia controlada a ferro e a fogo por seus donos foi, obrigada a noticiar, e com destaque, o escândalo dos trens tucanos.
Já não era sem tempo e o Estadão, também, neste domingo foi obrigado a publicar um editorial o sucateamento da Educação no Estado. Ainda que em linguagem amena - com a qual sempre tratam os tucanos - o jornalão cobre o fato de em seu 3º mandato de governador o dr. Geraldo Alckmin ainda não ter conseguido "a efetivação de professores em número suficiente para completar os quadros do magistério público estadual."
O editorial traz uma radiografia do triste quadro paulista nessa área e registra o déficit de 49.085 professores efetivos na rede pública estadual. Constatação partindo de fonte insuspeita, do fracasso tucano na educação depois de 20 anos governando com deles São Paulo.
A notícia documentada de que governos tucanos tinham conhecimento ou pior participavam de conluios para cartel e fraudes na área dos transporte - cada dia mais provável pelas investigações e documentos oficiais que vem a público - a confissão da Siemens em nota paga nos jornais, e o editorial do fracasso na educação mostram que a operação abafa que a mídia tentou para blindar tucanos fracassou diante da enxurrada de provas.que eles conhecem bem.
Fracassou a operação abafa, mas não fracassaram as operações de diversionismo, como a tentada essa semana pela revista Época (Editora Globo), com base em denúncias logo desmentidas por um ex-funcionário da Petrobras. Vacina prévia, fogo de encontro essa notícia de que dinheiro da área internacional da Petrobras teria sido desviada para partidos políticos e campanhas eleitorais. Uma operação típica das organizações Globo.
Revista diz que governo tucano foi avisado de formação de cartel
Documentos publicados pela IstoÉ desta semana mostram o que se sabia e os tucanos mais temiam: a cúpula do governo paulista foi alertada em pelo menos três oportunidades a respeito das suspeitas de formação de cartel por empresas que firmaram contratos na área de transportes metropolitanos.
Os alertas foram feitos, segundo os documentos trazidos pela revista, entre agosto de 2008 e setembro de 2010, aos governos tucanos de José Serra e de seu vice Alberto Goldman, que assumiu os oito meses finais do mandato (quando Serra se desincompatibilizou para concorrer à Presidência da República), ambos tucanos.
Os alertas, segundo a revista, estão em documentos do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) e do Ministério Público estadual (MPE-SP). Foram enviados - e recebidos - segundo a reportagem, aos presidentes do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), esta, o caótico sistema de transporte urbanos de massa da região metropolitana de São Paulo.
Jornais já haviam feito e publicado a mesma constatação. Os documentos levaram o Palácio dos Bandeirantes a divulgar nova nota informando que "documento apresentado pela reportagem revela comunicação entre empresas privadas, sem participação de servidor público estadual" e que o governo paulista "tem total interesse no esclarecimento destas denúncias e, confirmado o cartel, pedirá a punição dos envolvidos e o ressarcimento de perdas aos cofres públicos".

Alckmin
A nova nota enfatiza que, por decisão do governador Geraldo Alckmin, foi lançado o Movimento TranSParência, comissão formada por representantes de entidades e organizações da sociedade civil, para acompanhar as investigações sobre o caso, que em São Paulo estão sendo conduzidas pela Corregedoria-Geral da Administração - aquela que no dia do lançamento do Movimento informou que não convocará governador ou ex-governador para depor.
A Siemens - multinacional que junto com a alstom é acusada de formar cartel e pagar propina a autoridades e a integrantes do PSDB -, por sua vez, publicou nota paga nos jornais em que afirma vir "a público refutar quaisquer acusações que não sejam baseadas em provas validadas por órgãos oficiais competentes e que denigram a imagem, seja da empresa, de governos, partidos políticos, pessoas públicas ou privadas, ou qualquer integrante da sociedade".
(Foto: Antonio Cruz/ABr)