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Mais detalhes das maracutaias de Alstom e Siemens no Brasil

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Terminamos a tradução e a revisão do email-bomba que um executivo da Siemens enviou à direção da empresa, na Alemanha, denunciando as maracutaias tanto da Siemens quanto da Alstom no Brasil. O email, de junho de 2008, foi enviado em atenção à Hans-Otto Jordan, ombudsman chefe da Siemens, mas o autor afirma que a carta seria enviada também às autoridades brasileiras. O autor afirma que as práticas ainda estariam ocorrendo. Neste período, São Paulo era governada por José Serra (PSDB), e o Distrito Federal, por José Roberto Arruda (DEM). Arruda ainda era o garoto-propaganda do DEM, e havia negociações para que fosse o vice de Serra nas eleições de 2010.

As informações que temos hoje confirmam quase todas as denúncias contidas no email, descritas aqui com uma riqueza assustadora de detalhes.

O modus operandi de Alstom e Siemens consistia, basicamente, em pagar propina à funcionários públicos dos governos de São Paulo (PSDB) e Distrito Federal (DEM) com vistas a fraudar licitações, desde a sua confecção até o processo de conclusão. A tentativa do alto tucanato de descrever o escândalo Siemens-Alstom apenas com um conluio entre empresas, em detrimento dos governos estaduais, perde totalmente a razão de ser para quem ler com atenção as denúncias publicadas neste email.

Outro ponto interessante do email é a descrição das maracutaias entre as próprias empresas, como por exemplo o golpe que altos executivos da General Electric deram na própria empresa, para abrirem sua própria firma e ganharem contratos
no governo paulista.

A íntegra do documento pode ser baixada aqui, em formato PDF.

Destaco alguns trechos.

(…)Linha 5 do Metrô de São Paulo (Linha G)

• ALSTOM tem manipulado fortemente as regras da licitação, a fim de conseguir uma vantagem sobre seus concorrentes e ganhar o controle sobre o projeto.
• Isso só foi possível com o apoio do cliente e uma prática comum que implica a “contribuição” para funcionários do governo.
• ALSTOM coordenou um acordo com todos os outros jogadores a fim de atingir o lucro máximo.
• O acordo incluía o pagamento de uma comissão para funcionários públicos de 7,5%. A comissão chegava a 7,5% do valor do contrato. (…)

• Cada parte tinha suas próprias formas de pagamento da comissão de funcionários do governo. ALSTOM e SIEMENS fizeram isso através das empresas de consultoria – PROCINT e CONSTECH – e suas offshores localizadas em Montevidéu, Uruguai – LERAWAY e GANTWAY. (…)

• O papel da MITSUI foi “recompensar” os funcionários do governo, e assinou, com este propósito, um contrato de consórcio com a Siemens AG e SGP (Áustria ). (…)

• Resumo: o contrato era apenas uma “cortina de fumaça” para esconder o verdadeiro propósito, que foi subornar o cliente [funcionários do governo de SP].

(…)

Contrato de manutenção completa do Metrô do Distrito Federal

• Desde o início de seu funcionamento, o Metro DF terceirizava a manutenção de todos os seus subsistemas (ou seja, a manutenção integral) à ALSTOM, que dominou o projeto desde a sua construção. Isso acontecia sem uma licitação pública.
• De acordo com especialistas, os preços praticados pela Alstom e membros do consórcio INEPAR (IESA) e TCBR eram extremamente elevados, levando a lucros líquidos acima de 50%.
• De acordo com fontes internas, este projecto foi a galinha de ovos de ouro da ALSTOM por mais de 5 anos consecutivos e foi considerado o melhor projeto em termos de lucro.
• De acordo com ex-funcionários da Alstom, um suborno super ior a 10% dos valores de contrato eram pagos ao ex-governador Roriz e sua equipe, composta por seu Chefe de Gabinete Sr. Valerio; seu secretário de Infra-estrutura Sr. Tadeu Felipelli; o presidente do Metro DF, Sr. Paulo Victor Rezende; e o Diretor de Operações do Metro DF, Sr. Antonio Manoel Soares.
• Os pagamentos foram feitos ao longo de mais de cinco anos e a “mesada” paga era de aproximadamente R$ 700.000 (cerca de 265 mil euros).

São Paulo

A MGE foi recentemente subcontratada pela SIEMENS para manutenção dos trens da Série 3000 da CPTM, no qual ambas as empresas prestavam serviços de manutenção (…)
• A MGE, como de costume, está a cargo da “contribuição” para os funcionários do governo.
• A provisão total para essa finalidade geralmente aparece como uma posição separada no contrato, a fim para facilitar os reajustes anuais. Os serviços reais correspondentes a essa posição específica não existem.
• Como a MGE opera: R. Moriyama e seus outros três parceiros (Rosso, Carolo e Paulo Edu) usam suas contas privadas para pagar propinas usando recursos que recebem como dist ribuição de dividendos. Os dividendos são legalmente depositados em suas contas privadas e, em seguida, sacados e pagos em dinheiro vivo para os clientes.

*

Estes são apenas alguns trechos, a confirmar a participação e ciência da cúpula dos governos de São Paulo e Distrito Federal nos escândalos. Eles ajudam ainda a confirmar a veracidade de um outro email, também de um executivo da Siemens, que menciona a tentativa do então governador José Serra de incentivar um acordo crimonoso entre Siemens e Alstom. É o mesmo modus operandis do governador José Roberto Arruda, que teria convencido as mesmas duas companhias a operarem juntas no metrô do DF, a fim de que as duas lhe pagassem uma mesada de R$ 700 mil.
Por: Miguel do Rosário



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