Quando os ritos da administração pública falham, resta ao cidadão o recorrer ao poder político. É nesse contexto que as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) da TV Globo e das propinas no metrô e trens de São Paulo tornaram-se imprescindíveis.

Com todo esse conjunto de fatos, que parece enredo de filme policial, o Ministério Público Federal (MPF) ainda não abriu uma investigação profunda sobre os atos da emissora. Falhou os órgãos de estado da administração pública, no caso os MPF. Resta ao cidadão o poder político, representado por uma CPI, para defender os interesses da sociedade.
No caso das propinas e licitações combinadas com superfaturamento no metrô e trens de São Paulo, delatadas por executivos de empresas multinacionais, como a Siemens e a Alstom, desde 2008 que oposição aos sucessivos governos do PSDB tenta apurar os fatos na Assembléia Legislativa e o rolo compressor da bancada aliada do governador impede. A oposição também apresentou 15 pedidos de investigação ao Ministério Público. Sabemos que há investigações abertas, porém a velocidade anda muito aquém do desejado. Nos países das sedes da multinacionais envolvidas, elas já foram punidas por terem corrompido autoridades paulistas. Porém, aqui no Brasil, nem denúncia apresentada à justiça foi apresentada até agora.
A situação está tão surreual, que a Siemens e Alstom desviaram dinheiro dos cofres públicos do Estado de São Paulo e pagaram multas milionárias aos governos da Alemanha, da Suíça, etc, por terem corrompido aqui. Veja o absurdo: o dinheiro da corrupção que saiu daqui abastece os cofres públicos dos governos de lá, em vez de voltar para cá!
No Brasil ainda as empresas corruptoras não foram obrigadas a devolveram o dinheiro, nem a pagar multa, por falta de processo no judiciário.
Para corrigir estes absurdos e as falhas de operância dos órgãos de controle estaduais paulistas, é que tornou-se indispensável uma CPI fora de São Paulo para investigar este caso. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) está recolhendo assinaturas para abrir a CPI em Brasília, na Câmara dos Deputados. E é urgente, pois se confirmadas as recentes notícias, o dinheiro a reaver aos cofres públicos dos diversos contratos das várias multinacionais, além da TV Globo, pode passar de R$ 3 bilhões, incluindo multas e correção.