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América do Sul vira o norte da geopolítica global

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As posições políticas defendidas por Hugo Chavez foram fundamentais para colocar a América do Sul e a América Latina na geopolitica mundial, no momento em que o capitalismo global se encontra em crise, sem condições de conduzir a humanidade por intermédio do discurso unilateral. Elas abriram novas frentes. Criaram polêmicas. Levantaram ceticismo. Irritaram profundamente as elites internacionais e as nacionais rendidas ao seu discurso. Tensionaram as relações sul-americanas e globais. Levantaram ódios e preconceitos por parte dos que sempre se posicionaram comportadamente diante dos poderosos.

Sinalizaram aos povos emergentes exemplos de coragem e determinação para acreditarem em si mesmos de modo a se conduzirem soberanamente sem medo de ser felizes. Despertaram politicamente os sul-americanos a avançarem, praticamente, em relação à integração econômica, social e política, antes contida, apenas, em mandamentos constitucionais. Estimularam os pronunciamentos das vozes abafadas dos explorados.

Produziram eletricidades políticas que atemorizaram os excessivamente cautelosos, cheios de dedos de mostrarem suas potencialidades. Confundiram os poderosos e deixaram-nos receosos dos efeitos do seu discurso como mobilizador da consciência social latino-americana. Contribuíram, decisivamente, para criar uma nova correlação de forças políticas, no contexto da divisão internacional do trabalho, no cenário global, marcado pela crise capitalista, em que a voz da América do Sul se projetou como essencial para a construção do mundo multilateral, com o nascimento do G-20, de modo a confrontar a elite do poder mundial formada pelo G-7.

Enfim, a emergência política de Chavez abriu as portas para as novas posturas políticas dos governos sul-americanos no comando do Estado, levando-os a colocarem a questão social acima das questões econômicas, subordinando estas àquelas, como pré-condição indispensável à própria sustentação do poder político nacional e internacional. Sobretudo, Chavez foi um democrata, que construiu seu poder a partir de uma nova Constituição cujos pressupostos romperam com os falsos valores intrínsecos à democracia meramente representativa, regada pelas elites corruptas, sob modelo eleitoral manipulado pelo dinheiro, para abrir-se à democracia direta em que o papel do povo passa a ser construído a partir da organização comunitária. O caminho foi aberto para a construção, na Venezuela e, também, na América do Sul, do que ele chamou de Socialismo do século 21. A construção da história por essa nova organização social latino-americana dará a última palavra.
Ele atacou o
Desde que foi eleito em 1998, o presidente Hugo Chávez vem estimulando uma série de debates, seja em razão das amplas transformações sociais que promove na Venezuela, seja em razão do medo pânico que causa nos governos imperiais e nas oligarquias de cada país, vassalas e zeladoras dos interesses deste imperialismo em cada país. Certamente, sobre cada um destes aspectos é possível retirar profundas lições.No caso brasileiro, a mídia do capital que jamais se preocupou em oferecer um mínimo de informação objetiva sobre as mudanças em curso na Venezuela, agora, em razão do infortúnio da enfermidade de Chávez, esta mídia supera-se. Promove uma comunicação necrológica, havendo inclusive comentarista de veículos das Organizações Globo, que chega mesmo ao grotesco de torcer pela desaparição do mandatário venezuelano.
Sobre isto devemos tirar lições, seja aquelas amargas , a partir do comportamento medieval da mídia empresarial sobre a trágica enfermidade de Chávez, enfermidade que, óbvio, pode alcançar a qualquer um de nós, mas também sobre o que este mandatário já realizou mudando a face de seu país e ajudando a mudar a face da América Latina. Por um lado, fica claro que para aqueles comentaristas globais, a ideologia está por cima de qualquer conceito básico de humanidade ou solidariedade, que sustentariam desejos de restabelecimento e de superação deste azar pessoal.
Mas, o que se observa é ainda mais grave: para além do desejo pessoal da morte alheia, as concessões de serviço público de radiodifusão estão a ser utilizadas para a propagação destes desejos mórbidos em grande escala de difusão, violando a Constituição Brasileira, que, em seu artigo 221, estabelece como princípio a ser observado, “o respeito aos valores éticos e sociais, da pessoa e da família”, sem qualquer manifestação da autoridade responsável. É como se fosse autorizado aos concessionários de serviços públicos de abastecimento de água, distribuir água contaminada e suja à sociedade.
Para que serve a mídia?
Será que isto estaria se tornando uma tendência? Há alguns meses, quando cientistas iranianos foram assassinados em atentados que, segundo o noticiário da época, teriam sido organizados por comandos israelenses – os mesmos que assumem agora terem participado na eliminação de Yasser Arafat – num programa televisivo, Manhattan Conexion , também veiculado por empresa das Organizações Globo, comentaristas chegaram a defender que aqueles cientistas iranianos mereciam mesmo ser assassinados. Apologia do homicídio!
coração do capitalismo que



Tanto num caso, como em outro, Venezuela e Irã são países com os quais o Brasil possui relações de amizade e cooperação, aliás crescentes, em benefício mútuo notório. Qual seria a reação do Itamaraty, do Governo Federal, caso emissoras de TV da Venezuela ou do Irã passassem a hostilizar autoridades brasileiras, e, chegassem a torcer pela reincidência do câncer em Dilma ou em Lula, e para que eles não resistissem? Ou se estas emissoras defendessem a morte de cientistas brasileiros, pois, como sabemos, o Brasil também possui – de modo soberano – seu próprio programa nuclear, como EUA, Rússia, China, Israel e Irã?
Pra que servem os meios de comunicação social, afinal de contas? Para hostilizar e desejar o pior, de modo incivilizado, embrutecido, desumano e antidemocrático, a personalidades de outros países, com o que se desrespeitam povos com os quais temos relações de cooperação e amizade? Será mesmo admissível que concessões de serviço público sejam utilizadas para insuflar, propagandear e celebrar o desejo de morte de seres humanos, simplesmente por não comungar de suas ideias? Esta prática não seria equiparável àquelas que Goebels denominava de “razões propagandísticas”, e que precederam os ataques nazistas a outros povos?
Estranho “ditador”
As notas que a mídia brasileira divulgam sobre Hugo Chávez atentam contra a prática basilar do jornalismo. Críticas e discordâncias são absolutamente normais e devem ser praticadas. Mas, desinformação, distorção e inverdades grotescas são atributos rigorosamente alheios ao jornalismo.
Um dos aspectos mais utilizados nesta cruzada midiática de anos é a tentativa de rotular Hugo Chávez como ditador. Estranho “ditador” este que chegou ao poder pelas urnas e, em 14 anos, promoveu 16 eleições, referendos e plebiscitos, dos quais venceu 15 pelo voto popular e respeitou, democraticamente, o resultado do único pleito em que não foi vencedor. Estranhíssimo “ditador” esse Chávez que introduziu na Constituição Bolivariana – ela também referendada pelo voto popular – o mecanismo da revogabilidade de mandatos, utilizado pela oposição que, no entanto, não conseguiu a vitória nas urnas.
Auditoria eleitoral
Na Venezuela, para dar ainda mais segurança às eleições, estas não são julgadas pela mesma autoridade que as organiza. Além disso, as urnas possuem mecanismo de impressão do voto, possibilitando ao eleitor conferir se o voto que teclou foi realmente o voto registrado pelo computador. De posse deste voto impresso, o eleitor, no mesmo momento da votação, o deposita em urna anexo. Isto possibilita que haja plena auditoria do voto, o que não ocorre no Brasil, onde, conforme já demonstraram especialistas da UnB, as urnas eletrônicas são vulneráveis a interferência externa sobre seus programas, além do que, na existe a possibilidade do voto material em papel para eventual necessidade de recontagem.

na sua versão ultra-neoliberal
Estranho “ditador” este Chávez, que ampliou a segurança eleitoral dos cidadãos, lembrando que lá na Venezuela o voto não é obrigatório, tendo sido registrada, na eleição de outubro de 2012, uma participação superior a 86 por cento do colégio eleitoral. O revelador aqui é que as Organizações Globo, tão empenhada em rejeitar e criticar a democracia venezuelana, é aquela que apoiou o a supressão do voto popular no Golpe de 1964, apoiou a Proconsult contra a eleição de Brizola em 1982 e foi contra a Campanha Diretas-Já, em 1984, uma das mais belas páginas da consciência democrática do povo Brasil. E, ainda hoje, a Globo insiste em difamar e combater a instituição do voto impresso na urna eletrônica brasileira, cuja vulnerabilidade tem lhe causado a rejeição por mais de 40 países, exceção para o Paraguai, a quem o TSE regalou tais equipamentos……
Povo ignorante? Esses comentaristas da Globo tentam passar a imagem de que a Venezuela é um país de atraso cultural, para o que se valem , novamente, do expediente corriqueiro da desinformação massificada, repetida sistematicamente.
Vamos aos fatos: enquanto a Venezuela já foi declarada oficialmente, pela UNESCO, como “Território Livre do Analfabetismo”, o Brasil ainda não tem sequer uma meta segura para erradicar esta mazela social, apesar de terem nascido aqui os geniais Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire.
Lá, para a erradicação do analfabetismo, além da utilização de um método super-revolucionário elaborado em Cuba, o “Yo Si Puedo”, houve uma tremenda mobilização do governo, das massas, das instituições, mas também dos meios de comunicação públicos, que, existem, informam e possuem uma programação cultural educativa elevada ao contrário daqueles sintonizados com os ditames prepotentes do Consenso de Washington.
Aliás, vale lembrar que foi exatamente por meio deste método que o Deputado Tiririca foi alfabetizado em prazos relâmpagos e foi capaz superar as ameaças elitistas da autoridade eleitoral que queria lhe cassar o mandato. Tiririca aprendeu a ler e escrever em poucas semanas. Com também foram alfabetizados campesinos, índios, povo pobre na Venezuela, na Bolívia e no Equador. Em breve será a Nicarágua a ser declarada também, oficialmente, pela Unesco, Território Livre do Analfabetismo.
demonstrou ser o mal maior a ser 
Como contraponto, vale lembrar que o programa Telecurso Segundo Grau, produzido pela Fundação Roberto Marinho, é exibido em horário da madrugada pelas emissoras que empregam esses comentaristas, apesar dos volumosos recursos públicos despendidos para a sua produção e veiculação. A escolha do horário é apenas demonstração da baixa preocupação e vontade dos concessionários de serviços públicos de radiodifusão em contribuir para a elevação do nível educacional e cultural do nosso povo. Contrariando a Constituição.
O que é notícia?
Aqueles comentaristas são incapazes de informar sobre tudo isto, bem como sobre o papel dirigente de Hugo Chávez ao formar com estes países e outros a ALBA – Aliança Bolivariana para o Progresso, numa iniciativa em que colocou o petróleo com instrumento da elevação das condições de vida não apenas dos venezuelanos, mas também do progresso social conjunto destes povos. A isso chamam de ingerência, trocando solidariedade por intromissão. Graças aos recursos do petróleo, milhares de latino-americanos, estão recuperando a plena visão, por meio de cirurgias gratuitas realizadas pela Operación Milagro, um esforço comum entre Cuba e Venezuela.
Esta operação humanitária, jamais divulgada adequada pelas Organizações Globo, nasce quando a OPAS alertou para a possibilidade de que pelo menos 500 mil latino-americanos perdessem a visão à curto prazo, vítimas de catarata, uma tragédia perfeitamente evitável. As cirurgias são feitas tanto em Cuba, como na Venezuela, e agora também na Bolívia, no Equador, seja por médicos cubanos, ou locais. Isto não se informa, mas um dia destes , fiquei tomei conhecimento, pelo Jornal Nacional, da edificante informação de que a esposa do Príncipe Willians, a tal duquesa de Cambridge, está sofrendo muito enjoo na sua gravidez. Cuba e Venezuela decidiram operar 6 milhões de latino-americanos, gratuitamente, em 10 anos. O que é notícia?
Índios leem “Cem anos de solidão”
Aí temos outra lição de Chávez: depois de erradicar o analfabetismo, Chávez criou a Universidade Bolivariana, pública e gratuita, a Universidade das Forças Armadas, e um programa para elevar a taxa de leitura do povo venezuelano. Por meio deste programa foram editados, dando apenas alguns exemplos, a obra “Dom Quixote”, com uma tiragem de 1 milhão de exemplares que foram distribuídos gratuitamente nas praças públicas, e também a obra “Contos”, da Machado de Assis, pelo mesmo programa, com uma tiragem de 300 mil exemplares, tiragem que o genial escritor do Cosme Velho jamais mereceu aqui no Brasil, onde não apenas o analfabetismo persiste , mas a tiragem padrão de nossa indústria editorial arrasta-se na melancólica marca de 3 mil exemplares.

combatido pelas organizações sociais



Além disso, algumas tribos indígenas da Amazônia venezuelana, que, até Chávez, ainda desconheciam a escrita, já tiveram seu idioma sistematizado, e, como primeira obra publicada no novo sistema de escritura, tiveram o belíssimo “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel Garcia Marquez. No entanto, apesar de tudo isto, para estes comentaristas da Globo, que agridem Chávez no leito de um hospital, na Venezuela há um “povo ignorante”, dirigido por um “ditador”…. Como explicar, então, a realização destas mudanças marcantes?
Vale contar um caso: o senador Cristovam Buarque, ex-Ministro da Educação de Lula, foi à Venezuela para a solenidade de Declaração de Território Livre do Analfabetismo. Escreveu num papelucho um endereço e saiu pelas ruas perguntando ao acaso aos transeuntes, que lhe orientassem como chegar ao destino marcado. “Falei com pessoas indistintamente, camelôs, donas-de-casa, jovens ou não, ninguém me disse que não sabia ler e davam a informação”, contou. São as lições de Chávez que a Globo não possui aptidão para aprender….
Petróleo a preço de água
Antes de Chávez, quando 80 por cento dos venezuelanos viviam na miséria absoluta, o petróleo era regalado aos EUA, enquanto a burguesia local era conhecida por ser a maior consumidora de champanhe do mundo, depois da francesa, e pela elevadíssima importação de caviar para pequenos círculos oligarcas.
Eleito, Chávez cumpriu promessa de campanha de acabar com a farra imperialista com o petróleo venezuelano regalado. Recuperou gradativamente o controle sobre a PDVSA e também fez uma cruzada internacional para acordar a OPEP de seu sonho colonizado. Na época, o preço do petróleo estava em 7 dólares o barril – ou seja, muito mais barato que água mineral ou Coca-Cola – e hoje, avança pela casa dos 100 dólares. Eis a razão do ódio dos EUA a Chávez.
a partir das comunidades, onde
Evita Perón e Vargas
Este ódio imperial se expressa como uma ordem, uma sentença de morte, dada pelos falcões norte-americanos para que seja alcançada, por meio do câncer, aquela meta mórbida contra qualquer mandatário que não seja talhado para vassalagem, para submissão. Não é a primeira vez na história que isto ocorre. Quando Evita Perón foi acometida por um câncer, este jornalismo mortífero se expressou sem qualquer escrúpulo. O ódio que os círculos imperiais nutriram por Evita fez com que ele saltasse das páginas da imprensa portenha para os muros de Buenos Aires, nos quais a oligarquia festejava sua podridão moral escrevendo “Viva el Câncer!”.
Os imperialistas jamais perdoaram Evita por ter armado os trabalhadores da CGT para resistir aos golpes que frequentemente se organizavam contra Perón. Chegou mesmo a advertir Perón, que lhe criticou pela distribuição de armas, da qual ela nunca se arrependeu, que ele estava preparando as condições – desmobilizando os trabalhadores – para não ter capacidade de resistir ao golpe, que chegou em 1955, 3 anos depois da morte de Evita. Ela bem que avisou.
Depois foi contra Getúlio Vargas, quando sua saída da vida para entrar na história foi comemorada em círculos manipulados pelo capital externo, que não suportavam a criação da estatal Petrobrás, dos direitos laborais inscritos na CLT e da lei da remessa de lucros ao exterior. Não por acaso, o povo expressou sua tristeza e sua fúria, pranteando Vargas, mas também empastelando os símbolos daquele ódio contra o popular presidente, entre os quais os jornais Tribuna da Imprensa, Globo, e, até mesmo do jornal do PCB, Tribuna Popular, que no dia do suicídio de Vargas trazia desorientada entrevista de Prestes pedindo sua renúncia.
Assustados e envergonhados, os dirigentes comunistas recolhiam os exemplares do jornal que ainda estavam nas bancas. Mas, não tiraram conclusões históricas do porquê também foram alvo da fúria popular contra seus inimigos, sobretudo porque Vargas havia convidado Prestes para ser o chefe militar da Revolução de 30, aquela que em apenas 24 horas alistou mais de 20 mil voluntários para pegar em armas e combater a República Velha. Prestes inicialmente aceitou o convite, mas a ordem stalinista foi para que se afastasse de Vargas, enquanto que, na mesma época, em sentido contrário, Leon Trotsky escrevera que tanto Vargas como o mexicano Cárdenas, eram expressão de um bonapartismo sui generis, com potencial revolucionário, e que deveriam receber o apoio tático dos revolucionários.
os interesses populares se
O Levante de 4 de Fevereiro de 1992
Processos revolucionários começam sob formas mais inesperadas, normalmente com rupturas da legalidade instituída quando esta acoberta iniquidades, sob a forma de insurreições, armadas ou não. A partir das revoluções outra legalidade é constituída. Assim foi a Revolução de 30. Assim havia sido a Revolução Francesa, Assim foi a revolução em Cuba, na Nicarágua ou na Argélia. A Revolução Iraniana, por exemplo, desde 1979, de quatro em quatro anos promove eleições diretas, o que ainda não foi conquistado pelo povo dos EUA, onde o voto é indireto e apenas os candidatos que podem pagar aparecem na mídia para defenderem suas ideias.
A Revolução Bolivariana começa com um levante insurrecional – o 4 de fevereiro de 1992 – destinado a convocar uma Assembleia Nacional Constituinte, cujo objetivo era retirar a Venezuela da condição de colônia petroleira. Evidentemente, os comentaristas que seguem orientação imperial não suportam qualquer forma de rebeldia contra hegemonias colonizadoras. Na prisão, Chávez se transforma no homem mais popular da Venezuela, aquele capaz de traduzir e promover a identidade de seu povo com a sua história, com Bolívar, com a sua identidade cultural, sua mestiçagem negra e índia, como são os venezuelanos.
A Revolução Bolivariana começa com um levante armado e transforma-se em processo institucional por meio da aprovação do voto popular. Mas, diante das constantes ameaças golpistas imperiais e também das provocações desestabilizadoras da oligarquia, Chávez mesmo declarou que “esta é uma revolução pacífica, pero armada” , como a expressar a consciência do golpismo que sempre esmagou processos democráticos de transformação social na América Latina. Não lhe sai da lembrança que Allende morreu de metralhadora na mão…
formulam para impulsionar a
Jornalismo de desintegração
As lições de Chávez estão aí aos olhos do mundo, mesmo que esta mídia golpista, praticando o mais vulgar jornalismo de desintegração, queira ocultar. A parceria Brasil-Venezuela multiplicou em mais de 500 por cento o comércio bilateral em poucos anos e hoje estão atuando na pátria de Ali Primera a Embrapa, a Caixa Econômica e muitas empresas brasileiras. Realizam obras de infra-estrutura indispensáveis para que o país dê um salto em seu desenvolvimento, o que sempre foi sabotado pelas oligarquias do período pré-Chávez.
Agora Venezuela constrói ferrovias, metrôs, teleféricos, estradas, hidrelétricas, pontes, e a participação brasileira nisto, com financiamento estatal, via BNDES, traduz bem o pensamento de Lula de que integração significa “todos os países crescendo juntos”. Os comentaristas da Globo não informam nada disso, até porque apoiaram quando o Brasil, na era da privataria neoliberal, demoliu um terço de suas ferrovias, além de ter destruído sua indústria naval, que agora, recuperada, tem inclusive 27 encomendas para a construção de navios petroleiros da PDVSA, a serem feitos aqui.
Solidão do uniforme
Além da integração, Chávez recuperou para o centro do debate o conceito de socialismo, além de propor a organização de uma nova Internacional, indignando-se com a cruzada da morte que o imperialismo organizou contra o Iraque, a Líbia e também contra Síria. Muito longe de resolver o desemprego galopante que assola a França, o governo de Hollande lança-se em mais uma empreitada imperial contra. Só sabem guerrear.
Chávez recupera o debate sobre uma nova função social para os militares, retirando-os da solidão do uniforme, unindo-os ao povo e às causas mais preciosas para viver com dignidade, com soberania e como democracia e justiça social. Recuperou até mesmo a função histórica do General José Ignácio de Abreu e Lima, pernambucano que lutou ao lado de Bolívar e que foi o primeiro a escrever sobre O Socialismo na América Latina, o que, em boa medida era desconhecido até mesmo pelas esquerdas brasileiras. Hoje os militares venezuelanos cumprem função libertadora e resgatam a função das correntes militares progressistas e antiimperialistas na história e seus representantes como Velasco Alvarado, Torres, Torrijos, Perón, Prestes, Nasser, Tito, a Revolução dos Cravos…..São lições de Chávez.
Os comunicadores que ignoram os fatos objetivos alardeiam a existência de desabastecimento alimentar quando a Unicef comprova que a Venezuela teve reduzida drasticamente a desnutrição e sua mortalidade infantil. O que há é boicote da indústria alimentar, o que levou o governo a montar uma rede estatal de mercados, fixos e móveis, que chegam a vender alimentos ao povo a preços até 70 por cento mais baratos, já que supera a especulação dos oligopólios.
Na semana que passou, para as autoridades venezuelanas confiscaram 3 mil toneladas de alimentos que estavam escondidos pelos oligopólios, numa operação casada com a mídia para fazer a campanha de que “falta alimento”, operação da qual participam, vergonhosamente, os comentaristas globais e sua grotesca desinformação. Segundo estatísticas da FAO, o consumo de alimentos na Venezuela aumentou em 96 por cento no período de 2001 a 2011, Era Chávez, enquanto a Cepal atesta que este país é hoje o menos desigual da América Latina, além de pagar o maior salário mínimo do continente, o equivalente a 2440 reais, informação que a Globo jamais noticiará.
vontade da transformação que
MST, sem veneno
Antes de Chávez, a Venezuela não possuía economia agrícola, ou melhor, tinha apenas uma “agricultura de portos”, todo alimento era importado, até alface vinha de avião de Miami. Hoje o país, graças à integração e à cooperação promovidas incansavelmente por Chávez, já tem uma pecuária leiteira, já produz metade do arroz que consome e recebeu até a solidariedade do MST que lhe doou toneladas de sementes criollas de soja não transgênica. Aliás, Chávez organizou convênio com o MST, o então governador Roberto Requião e a Universidade Federal do Paraná para montar escolas de agroecologia aqui no Brasil, abertas à participação de estudantes de toda a América Latina.
Jornais populares e diversidade
Essas são algumas das generosas lições de Chávez, atacado pela Globo daqui, como pela de lá, exatamente porque existe plena liberdade de imprensa na Venezuela. Ou, como disse Lula, “o problema da Venezuela é excesso de democracia”. Vale contar episódio de jornalista brasileira que antes de viajar para lá me perguntou como poderia ter acesso a imprensa não controlada pelo governo, segundo frisou. Eu lhe disse, vá às bancas de jornal. Ela desconfiou, mas foi. E me contou; “pedi ao jornaleiro imprensa de oposição ao Chávez. Ele apontou para toda a sua banca e disse-me. minha filha, isso aí tudo é contra o governo, que poderia escolher á vontade”, relatou-me surpreendida.
A diferença é que essas grosseiras distorções e manipulações que se lançam aqui contra Chávez, lá têm respostas pois foi constituído um sistema público de comunicação, inclusive com jornais populares distribuídos gratuitamente ao povo nos metrôs e rodoviárias, o que ainda não temos aqui. O povo brasileiro eleva seu padrão de consumo, mas não tem um jornal com o qual possa dialogar e refletir sobre as mudanças sociais em curso aqui. Continua “dialogando” com as xuxas da vida….
as forças conservadoras tentam
Caminhando e cantando e seguindo a lição….
Diante de tantas lições civilizatórias, democráticas, transformadoras e marcadas pelo humanismo que está sendo aplicado pelo governo bolivariano da Venezuela, a conclusão de um comentarista global de que Chávez iria tomar o poder no além, é apenas e tão somente confissão de um desejo golpista macabro e atestado da estatura moral desta mídia teleguiada de Washington. O que desejamos é que Chávez possa se recuperar, concluir a sua obra, na qual está a meta de construir e entregar 380 mil novas moradias em 2013, equipadas com móveis e eletrodomésticos, em terrenos localizados também em bairros nobres, e não numa periferia longínqua ou à beira de precipícios que desmoronam com as chuvas.
Quanto a nós, que aprendamos algumas destas lições, especialmente quanto à necessidade de fortalecer, expandir e qualificar um sistema público de comunicação, para que tenhamos acesso ao que está em nossa Constituição, a pluralidade e a diversidade informativas, e um jornalismo como construção de cidadania e de humanidade.
manipular por meio da 
A força do amor ao povo
Caracas está em profunda tristeza pela perda de Hugo Chávez. Mas, está tristeza e largamente superada pela decisão do povo venezuelano de levar adiante o legado da obra de seu comandante. Os depoimentos, colhidos das pessoas mais simples, são cristalinos de uma convicção popular que vai se consolidando de maneira cada vez mais elevada, de que a Revolução Bolivariana tem que continuar.
De acordo com a Constituição Bolivariana, elaborada a partir da promessa cumprida por Chávez quando candidato, quando disse que se eleito convocaria uma Assembleia Constituinte, e necessário realizar nova eleição presidencial dentro do prazo de 30 dias. E a Constituição, um dos mais avançados textos constitucionais de todo o mundo, referendada pelo voto popular, será cumprida. Como tem sido o processo da Revolução Bolivariana, desde o inicio. Apesar disso, os países imperiais e a oligarquia nativa continuam, absurdamente, acusando a Chávez de autoritário e ditador, quando realizou, em apenas 14 anos, 16 eleições, plebiscitos e referendos, dos quais venceu cinco e respeitou o resultado daquele que perdeu, democraticamente.
A Venezuela que se prepara par mais uma eleição e uma Venezuela transformada. Já não ha analfabetos, o país paga o mais alto salario mínimo da região e tem o titulo dado pela Cepal de pais menos desigual da América Latina. Andando por Caracas se vê os novos prédios construídos pelo governo Chávez em pouco mais de três anos, no programa Casa Equipada, onde milhares de famílias desabrigadas por chuvas torrenciais e destruidoras receberam do estado a casa e os equipamentos domésticos, pelos quais pagarão uma modica taxa de 25 bolívares por mês pelo prazo de 25 anos. E o equivalente a um lanche ou a 30 jornais Correio del Orinoco, fundado por Bolívar, ressuscitado por Chávez, e no qual trabalhou o pernambucano General Abreu e Lima, companheiro do Libertador, mas quase desconhecido no Brasil, não fora o presidente recém-falecido telo retirado do ostracismo. A Venezuela foi profundamente transformada por Chávez
alienação determinada pelo
Por isso, os setores conservadores e os céticos jamais estão a ponto de compreender a razão das filas para o povo dar o ultimo adeus a Chávez terem quilômetros e quilômetros, serem incessantes, 24 horas, noite e dia, com mais de dois milhões de pessoas, com crianças no colo, anciãos de cadeiras de roda ou amparado pelos mais jovens, fazendo esta demonstração de adesão, de amor e enviando uma mensagem ao mundo.
Filas que continuam a crescer, pois noticia=se que novas caravanas estão chegando a Caracas trazendo o povo mais humilde, os trabalhadores, jovens e crianças. A tal ponto que o Governo foi obrigado a ampliar o velório por sete dias, para que todos possam homenagear o líder que criou outra consciência politica no seu povo, com o seu exemplo de dedicação, de valentia e de desprendimento. Alguns intelectuais tinham duvida sobre o sucessor, afirmavam que ele foi centralizador e não construiu um sucessor. Os mais de dois milhões de populares num único dia, o que são? Chávez multiplicou a consciência do povo venezuelano, construíram milhões de militantes, cada qual com um exemplar da Constituição no bolso, sacando diante de qualquer debate politico, agora enfrentado com argumentos lógicos, democráticos, inteligentes e com a visão popular sobre a politica.
poder do capital escravizador
Neste momento, realiza-se uma homenagem de chefes de estado. Os mais aplaudidos foram, sem duvida, Mahmud Ahmadinejad, presidente do Iran e Raul Castro, presidente de Cuba. Alias, pode-se assistir por Telesur imagens de Cuba, onde uma imensa fila, de quilômetros de cubanos, presta, desde ontem, na Praça da Revolução, sua homenagem ao presidente Hugo Chávez. A presença de tantos países e de chefes de estado e indicador da obra internacionalista e construtiva de Hugo Chávez. Aqui estão desde Sean Pen a representantes do Vietnam. Venezuela hoje e um pais respeitado em todo o mundo, impulsiona uma politica de cooperação e integração, como por meio de tantas iniciativas materiais entre elas a Alba, a Telesur, a Petrosur, a Petrocaribe, a Celac, o Banco do Sul, etc.
A presença da Orquestra Simon Bolívar, regida pelo maestro Dudamel, e com a presença do maestro Jose Abreu, idealizador do mais generoso projeto que tem o objetivo de incorporar um milhão e meio de crianças na atividade musical, retirando-as de áreas de risco, e uma expressão do humanismo que marcou sempre a gestão de Chávez na presença. Por isso mesmo, em seu funeral, junto aos ideias revolucionários, também esta a musica popular, com harpa e maracas, tocando o coração de todo o mundo, um argumento sonoro e imagético deste povo bolivariano dizendo ao mundo que se prepara para os novos desafios e que quer defender, com sua vida se necessário, a continuidade da Revolução Bolivariana. Por isso, dando adeus a Chávez, milhões de venezuelanos estão votando com os pês para seguir com as ideias e continuar a obra de Hugo Chávez.

Beto Almeida, direto de Caracas

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